Vivemos
tempos estranhos. Há de um lado um irracionalismo transvestido de fé
verdadeira, do outro, um liberalismo transvestindo a fé cristã de
filosofia humanista. O primeiro movimento surge da pobreza de
reflexão de líderes e liderados. O segundo movimento, surge dos
germes do iluminismo e do humanismo exacerbado que na reflexão do
evangelho tira Deus do centro e coloca o bem estar do homem em seu
lugar.
Para
mim ambas as perspectivas apontam para pontas de um mesmo espectro,
trata-se da falta de reverência no proceder- ou não proceder- da
reflexão escriturística. Cada vez mais, os ignorantes arrotam
pseudo-santidade e os sábios em seu conhecimento tornam-se menos que
néscios- afinal, os loucos também encontrarão o reino dos céus.
Enquanto
uns tornam-se bruxos do evangelho e enraízam-se na lei da
aniquilação do outro, da religião do outro, da sexualidade do
outro, professando que assim são fiéis aos desígnios de Deus. Não
vendo, por exemplo, seu próprio sincretismo e excessos- heresias
para mim, para outros só excesso mesmo- presente na nomenclatura
dos demônios, no resgate das indulgências e misticismo exacerbado.
Os
segundos correm para o outro lado. Negam, em nome da conhecimento
acadêmico, as verdades bíblicas, criticam as palavras inspiradas
pelo Espírito Santo, rebaixam o sagrado e imutável à categoria de
cultural e discutível. Afrouxam doutrinas em nome de inclusão, de
quantidade; tornam evangelho livro de autoajuda e manual falho de
princípios ético- filosóficos.
Os
primeiros blasfemam na ignorância, os liberais blasfemam em sua
inteligência. O erro é o mesmo: a falta de graça e compromisso com
a palavra. Burrice é porta de entrada para atrocidades temíveis e
não para o paraíso; inteligência não é segurança de ser um
salvo, pode ser inclusive passaporte para o inferno.
Como
bem fala Franklin Ferreira, precisamos resgatar os princípios.
Atitude sensata esta. Atitude inteligente. Trocar o ensino e a práxis
de uma graça barata – que de graça não tem nada- e começarmos a
lembrarmos que a graça é preciosa. Como afirma Dietrich
Bonhoeffer,
citado pelo Ferreira,
A graça preciosa é o tesouro oculto no campo, [...]é o evangelho que há de se procurar sempre de novo, o dom pelo qual se tem que orar, a porta à qual se tem que bater [...]Essa graça é sobretudo preciosa por tê-lo sido para Deus, por ter custado a Deus a vida de seu Filho – ‘fostes comprados por preço’ – e porque não pode ser barato para nós aquilo que para Deus custou caro. A graça é graça sobretudo por Deus não ter achado que seu Filho fosse preço demasiado caro a pagar pela nossa vida, antes o deu por nós. A graça preciosa é a encarnação de Deus.
Nem
ignorantes, nem fariseus- ou seja, doutores da lei, hipócritas.
Sejamos sempre discípulos da graça preciosa de Deus. Refletindo-a,
pensando-a por ela mesma, a partir dela e em sua defesa.
Embebecidos
pela doutrina do Espírito Santo, sigamos o caminho da inteligência
do cordeiro, aquela que nos diz que não somos nada, que não temos
nada; mas que mesmo assim, Deus nos amou e por este amor nos elegeu e
nos chamou para a missão de com este amor plantar com autoridade a
ortodoxa palavra do amor. Aquela que atesta Jesus como nosso
salvador.
Referências
FERREIRA, Franklin. Devoção Cristã em tempos de mudança. Ministério Fiel/artigos. Fev. 2014.
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