terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Entrevista com o Pastor: Pr. Ivan Ribeiro da Comunidade Extrema Unção



Paz e graça!

Hoje no blog estaremos disponibilizando uma entrevista com o Pr. Ivan da Comunidade Extrema Unção, uma igreja emergente que trabalha com missões urbanas e tribos urbanas. Esta entrevista faz parte de uma série de outras conversas que têm como objetivo principal a humanização da figura dos pastores com o intuito de criar na comunidade uma sensibilidade de ver seu líder como um semelhante, alguém que como qualquer outro necessita de apoio, cuidado e de orientação na caminhada com Cristo. 

1. Como você define o ofício de pastor? O que é ser um pastor para você?

Amar a Cristo e apascentar suas ovelhas. Cuidar dos que estão perto e trazer para perto aqueles que estão longe. Servir, cuidar, educar e amar.

2. Como um pastor lida com o tempo? Ministério, vida pessoal... como administrar as tensões do cotidiano?

Acho até engraçado que alguns, e não são poucos, tenham a ilusão de que o dia de um pastor tem mais do que 24 horas. A realidade é que, como todo mundo, temos que correr contra o tempo. Conciliar nossas obrigações com nosso ministério não é tarefa fácil, exige muito esforço e disciplina.
Mesmo aqueles que são remunerados e vivem integralmente do ministério, que não é o meu caso, não podem ser remansosos ou cairão na mediocridade. Os dias estão cada vez mais céleres, efêmeros. Remir o tempo é um desafio não apenas para os pastores mas para todo ser humano.


3. Na sua opinião, qual é a maior fragilidade do pastoreado?

A maior fraqueza do pastoreado é o pastor. Parece piada? Pois é! Mas olhe para a igreja do Brasil e talvez você entenda melhor o que quero dizer. Milhares de pessoas esquecendo que pastor também é gente e achando ele é uma especie de super-homem, semideus, anjo, profeta etc. E o pior, pastor que se acha. Enganoso é o coração do homem e quando o ministro se deixa inflamar pelo seu ego a coisa desanda. Paulo, o Apostolo, já afirmava que por causa da cobiça, da avareza, da vaidade e da torpe ganância alguns se desviaram da fé. Quando o pastor se torna mercenário, buscando a glória dos homens ou as suas recompensas, sua missão fracassa e o resultado é visível. Igrejas cheias de pessoas vazias. Atos 20 e I Coríntios 9 têm sido áureos para mim.


4. E o ponto forte do exercício do pastoreado? O que mais traz alegria no exercício de tal ministério?

Pastor também é ovelha e nada melhor do que estar no meio do rebanho, habitar no mesmo aprisco, comer do mesmo pasto.  Ensinar e aprender, servir e ser servido, amar e ser amado. Não há alegria maior do que viver em comunidade, rir com quem ri e chorar também. É lamentável que certos "lideres" criem uma barreira em volta de si mesmos, vivem distantes. Não são amigáveis nem tem amigos. Para muitos outros ser pastor é profissão, a igreja é sua empresa e os membros, quando não são clientes, são apenas funcionários. Feliz é aquele que encontra, na igreja em que pastoreia, seus melhores amigos e parceiros.

5. Qual seria o seu conselho para quem não tem experimentado essa alegria?

Antes de olhar para seu ministério olhe para sua vida, pois não existe ministério sem vida. Cuida de ti mesmo, exercita-te no amor. Viva e deixe viver, seja feliz e faça feliz.


6. A sociologia tem um conceito bem interessante de papéis sociais, de acordo com seus estudiosos, os papéis são parte fundamental da construção da nossa biografia, mas inevitavelmente nossos diversos papéis podem vir a entrar em conflito, pensando nisso, como você tem lidado com os conflitos provenientes dos seus mais diversos papéis, como não ser pastor no lugar de amigo ou de pai ou marido?

A Bíblia é bem clara quando afirma que antes desejar o episcopado deve-se aprender a ser bom filho, bom marido, bom pai e bom cidadão. Acredito que o conflito só surge quando alguém age como um ator em cena, interpretando, usando máscaras, incorporando um personagem. Precisamos ser no púlpito aquilo que somos em casa ou em qualquer outro lugar. Púlpito não é palco, culto não é espetáculo e Evangelho não é dramaturgia


7. Qual tua opinião sobre a autoridade pastoral em um mundo onde a religiosidade cristã esta cada vez mais desacreditada?

Acredito que isso depende de dois fatores a Autoridade da Palavra e a autoridade do individuo. Esta primeira é suprema e incontestável enquanto e que a segunda não se dá mesma forma. Respeito não se toma nem se pede, respeito se conquista. Quando existe discrepância entre o que se prega e o que se vive perde-se a autoridade e, em troca, se ganha descrédito e desconfiança. Cristo já nos advertia sobre tal hipocrisia (Mt. 23) As pessoas se maravilhavam com as palavras de Jesus porque ele pregava com autoridade. Ele tinha compromisso com aquilo ensinava, não era apenas um discurso retórico. Padre Vieira já dizia: "Não basta que as coisas que se dizem sejam grandes se quem as diz não o é"

8. Bem, chegamos ao fim, deixe um recado para nossos leitores.

Eu, esta ovelha velha, desejo à todos graça, paz e misericórdia vindas do verdadeiro Pastor, o Bom. 
Olhem para Jesus o autor do mais belo de todos os poemas... Nossas vidas, nossa fé. Grande abraço.


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