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quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Sacerdócio Universal: legado da reforma

Estamos próximos do 3º Encontro Refletindo a Graça o qual terá por tema a Reforma Protestante. Hoje, iniciaremos uma série de posts que tocarão de alguma forma no que discutiremos no dia do evento, a saber o impacto da reforma para a vida cristã. Neste post, gostaria de pensar especificamente uma das contribuições para a espiritualidade individual legada por Lutero: o sacerdócio universal.



O sacerdócio universal dos crentes é um entendimento crucial para a prática da espiritualidade cristã. Recuperado pela Reforma, ele nos dá consciência que é possível o cultivo de um relacionamento particular com Cristo. Não há necessidade de um intermediador que não o próprio Deus para o perdão de nossos pecados ou para que nossas orações sejam ouvidas. Em nome de Cristo, pelo poder do Espírito acessamos a presença do Pai das luzes. O sacerdócio universal nos dá a segurança de que Deus nos ouve. 

Além da certeza de que somos ouvidos, o sacerdócio universal quebrou com a apatia diacônica e com a ausência de proclamação querigmática. Ao operar a desalienação nos cristãos, Lutero e os demais reformadores trouxeram o povo para o seu devido lugar, tanto nos privilégios desse sacerdócio, quanto também no que consta aos seus deveres. Todo o povo de Deus possui autoridade para exercer o ministério profético, a diaconia e também a proclamação querigmática. Como filhos de Deus possuem também o privilégio de serem seus representantes. Tais benefícios trazem também obrigações como a disposição para o trabalho cristão, o bom testemunho e a boa preparação na palavra que é lâmpada para os pés e luz para o caminho. 

O sacerdócio universal reaproximou no que deveria ser reaproximado leigos e ordenados. Despertou em todos os crentes a noção que os dons e os frutos advindos do Espírito de Deus não se restringem a um grupo seleto de pessoas. A igreja é um espaço de intervenção no mundo e a igreja é formada de homens, mulheres e crianças. O testemunho da transformação da graça do Evangelho excede os âmbitos eclesiásticos e os muros litúrgicos e físicos. 

Contudo, parece que é tempo de reaprender ou reviver a reforma. Em tempos de comodismo espiritual, ignorância e exploração, através de uma política eclesiástica pautada no coronelismo, se faz necessário renovar o entendimento sobre o sacerdócio universal. Primeiramente, devemos operar uma autocrítica: o sacerdócio universal nos chama à dinâmica de Deus, que não espera, mas faz. Saíamos do lugar de clientes, tomemos o lugar de servos, instrumentos para a religação. Segundo, é necessário olhar para os lados, constatar a situação, tomar consciência e passar a suar a voz ativamente como polemistas e professores. Haja em nossas práticas e falas uma pedagogia do sacerdócio universal. Diante de muitos lobos e mercenários exploradores, venhamos a afirmar que seu tempo de exploração está no fim, suas presenças não são escadas para o céu. Elas não são necessárias, pois  as ovelhas de Deus conhecem o seu pastor e têm acesso a Ele. 

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terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Entrevista com o Pastor: Pr. Ivan Ribeiro da Comunidade Extrema Unção



Paz e graça!

Hoje no blog estaremos disponibilizando uma entrevista com o Pr. Ivan da Comunidade Extrema Unção, uma igreja emergente que trabalha com missões urbanas e tribos urbanas. Esta entrevista faz parte de uma série de outras conversas que têm como objetivo principal a humanização da figura dos pastores com o intuito de criar na comunidade uma sensibilidade de ver seu líder como um semelhante, alguém que como qualquer outro necessita de apoio, cuidado e de orientação na caminhada com Cristo. 

1. Como você define o ofício de pastor? O que é ser um pastor para você?

Amar a Cristo e apascentar suas ovelhas. Cuidar dos que estão perto e trazer para perto aqueles que estão longe. Servir, cuidar, educar e amar.

2. Como um pastor lida com o tempo? Ministério, vida pessoal... como administrar as tensões do cotidiano?

Acho até engraçado que alguns, e não são poucos, tenham a ilusão de que o dia de um pastor tem mais do que 24 horas. A realidade é que, como todo mundo, temos que correr contra o tempo. Conciliar nossas obrigações com nosso ministério não é tarefa fácil, exige muito esforço e disciplina.
Mesmo aqueles que são remunerados e vivem integralmente do ministério, que não é o meu caso, não podem ser remansosos ou cairão na mediocridade. Os dias estão cada vez mais céleres, efêmeros. Remir o tempo é um desafio não apenas para os pastores mas para todo ser humano.


3. Na sua opinião, qual é a maior fragilidade do pastoreado?

A maior fraqueza do pastoreado é o pastor. Parece piada? Pois é! Mas olhe para a igreja do Brasil e talvez você entenda melhor o que quero dizer. Milhares de pessoas esquecendo que pastor também é gente e achando ele é uma especie de super-homem, semideus, anjo, profeta etc. E o pior, pastor que se acha. Enganoso é o coração do homem e quando o ministro se deixa inflamar pelo seu ego a coisa desanda. Paulo, o Apostolo, já afirmava que por causa da cobiça, da avareza, da vaidade e da torpe ganância alguns se desviaram da fé. Quando o pastor se torna mercenário, buscando a glória dos homens ou as suas recompensas, sua missão fracassa e o resultado é visível. Igrejas cheias de pessoas vazias. Atos 20 e I Coríntios 9 têm sido áureos para mim.


4. E o ponto forte do exercício do pastoreado? O que mais traz alegria no exercício de tal ministério?

Pastor também é ovelha e nada melhor do que estar no meio do rebanho, habitar no mesmo aprisco, comer do mesmo pasto.  Ensinar e aprender, servir e ser servido, amar e ser amado. Não há alegria maior do que viver em comunidade, rir com quem ri e chorar também. É lamentável que certos "lideres" criem uma barreira em volta de si mesmos, vivem distantes. Não são amigáveis nem tem amigos. Para muitos outros ser pastor é profissão, a igreja é sua empresa e os membros, quando não são clientes, são apenas funcionários. Feliz é aquele que encontra, na igreja em que pastoreia, seus melhores amigos e parceiros.

5. Qual seria o seu conselho para quem não tem experimentado essa alegria?

Antes de olhar para seu ministério olhe para sua vida, pois não existe ministério sem vida. Cuida de ti mesmo, exercita-te no amor. Viva e deixe viver, seja feliz e faça feliz.


6. A sociologia tem um conceito bem interessante de papéis sociais, de acordo com seus estudiosos, os papéis são parte fundamental da construção da nossa biografia, mas inevitavelmente nossos diversos papéis podem vir a entrar em conflito, pensando nisso, como você tem lidado com os conflitos provenientes dos seus mais diversos papéis, como não ser pastor no lugar de amigo ou de pai ou marido?

A Bíblia é bem clara quando afirma que antes desejar o episcopado deve-se aprender a ser bom filho, bom marido, bom pai e bom cidadão. Acredito que o conflito só surge quando alguém age como um ator em cena, interpretando, usando máscaras, incorporando um personagem. Precisamos ser no púlpito aquilo que somos em casa ou em qualquer outro lugar. Púlpito não é palco, culto não é espetáculo e Evangelho não é dramaturgia


7. Qual tua opinião sobre a autoridade pastoral em um mundo onde a religiosidade cristã esta cada vez mais desacreditada?

Acredito que isso depende de dois fatores a Autoridade da Palavra e a autoridade do individuo. Esta primeira é suprema e incontestável enquanto e que a segunda não se dá mesma forma. Respeito não se toma nem se pede, respeito se conquista. Quando existe discrepância entre o que se prega e o que se vive perde-se a autoridade e, em troca, se ganha descrédito e desconfiança. Cristo já nos advertia sobre tal hipocrisia (Mt. 23) As pessoas se maravilhavam com as palavras de Jesus porque ele pregava com autoridade. Ele tinha compromisso com aquilo ensinava, não era apenas um discurso retórico. Padre Vieira já dizia: "Não basta que as coisas que se dizem sejam grandes se quem as diz não o é"

8. Bem, chegamos ao fim, deixe um recado para nossos leitores.

Eu, esta ovelha velha, desejo à todos graça, paz e misericórdia vindas do verdadeiro Pastor, o Bom. 
Olhem para Jesus o autor do mais belo de todos os poemas... Nossas vidas, nossa fé. Grande abraço.


quinta-feira, 28 de maio de 2015

Entrevista com o Pastor: Pr. Ariovaldo Junior da Igreja Manifesto e Idealizador da Bíblia Free Style





  1. Como você define o ofício de pastor? O que é ser um pastor para você?
    Cuidar de gente. Assumir que nossa razão de viver é auxiliar nossos irmãos a alcançarem a maturidade e liberdade conquistada por Cristo na cruz.


  2. Como um pastor lida com o tempo? Ministério, vida pessoal... como administrar as tensões do cotidiano?
    Cada pastor vai lhe dar uma resposta diferente a isto. Eu considero que quem não viva no fio da navalha, está sendo negligente com alguma área da vida. Quem não tem problemas familiares, está sendo negligente com o ministério. Quem não tem problemas ministeriais está sendo negligente com a família.


  3. Na sua opinião, qual é a maior fragilidade do pastorado
    A solidão. Não que eu me sinta sozinho fisicamente falando, mas o problema é que nem todas as dores conseguem serem sentidas pelos companheiros de jornada. Algumas coisas doem mais na gente mesmo.


  4. E o ponto forte do exercício do pastoreado? O que mais traz alegria no exercício de tal ministério?
    Gente transformada pelo poder do Evangelho. Uma palavra qualquer, tola até, que encontra lugar no coração de um sujeito e faz dele um Filho de Deus. É um prazer ser a mula que todo dia ajuda os profetas a serem mais profetas.


  5. Qual seria o seu conselho para quem não tem experimentado essa alegria?
    Saia de viagem. Vá conhecer outros ministérios e outros pastores que possam lhe inspirar. A rotina da vida da igreja as vezes mata pastores. Eles passam a achar que as demandas ordinárias tem alguma coisa a ver com fazer a vontade de Deus.


  6. A sociologia tem um conceito bem interessante de papéis sociais, de acordo com seus estudiosos, os papéis são parte fundamental da construção da nossa biografia, mas inevitavelmente nossos diversos papéis podem vir a entrar em conflito, pensando nisso, como você tem lidado com os conflitos provenientes dos seus mais diversos papéis, como não ser pastor no lugar de amigo ou de pai ou marido?
    As vocações não são exclusivas na vida de uma pessoa. Ou pelo menos não deveriam ser. Eu sou mais útil no ministério como marido, pai ou amigo do que como um líder eclesiástico. Ser pastor não é ser um guru. É apenas ter aprendido onde encontrar alimento... e agora ensinar aos outros como chegarem lá por suas próprias pernas.


  7. Qual tua opinião sobre a autoridade pastoral em um mundo onde a religiosidade cristã esta cada vez mais desacreditada?
Quem reivindica algum tipo de autoridade, no fundo não a tem. O Reino de Deus é um lugar de submissão voluntária. Todos se submetendo uns aos outros, buscando servir mais do que ser servido. Se alguém bater no peito e disser “me respeita pq eu sou ____ (coloque qualquer título eclesiástico aqui)”, fuja deste. Este milita sua própria causa e não a de Deus. O Cristo de Deus esvaziou-se de si mesmo para ser igual na comunicação de sua verdade. Cabe a nós fazemos o mesmo.  

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Entrevista com o Pastor: Rev. Ivo Pinheiro da Igreja do Nazareno





Olá, paz e graça! 

Hoje, estamos começando um novo quadro aqui no blog com o intuito de humanizar a figura do pastor. Iniciando essa série de artigos, resolvi entrevistar o meu pastor local, o Reverendo Ivo Pinheiro, responsável pela comunidade na qual congrego,a Igreja do Nazareno Central do Paulista. A conversa durou pouco mais do que uma hora e discutimos sobre tempo, desafios, pontos fortes e fragilidades do exercício do ministério, espero que gostem e que este ponta pé inicial possa  ajudar na compreensão tanto da figura do pastor como ofício eclesiológico como também na compreensão do homem que ocupa o cargo. Sem mais delongas, vamos a entrevista.

O que é ser um Pastor? 

Ser pastor é ser servo. Ter recebido um chamado, ter humildade, respeito, pois o ministério não é benefício, mas responsabilidade; é formar o caráter de Cristo, o que também é nossa maior tarefa, para isso, o pastor deve ser acessível, humilde e simples. O pastor deve ser exemplo, palavras instruem, mas a vida forma o caráter, dando o exemplo a gente forma o caráter de Cristo.

Como um Pastor lida com o Tempo?  

A igreja me dá liberdade para ter uma vivência plural, liberdade para servir e ter um tempo com a família. Administrar este tempo é uma das maiores dificuldades do pastor no geral, porque se isso não for bem feito, pode fazer a família, a saúde e o ministério serem prejudicados. A liberdade que a igreja me dá é uma conquista, fruto da entrega, do sacrifício pelo ministério, já doei quatro carros, lavo chão, banheiro... os irmãos me veem como amigo, como alguém que administra com amor. Minha relação com a igreja é uma relação de amizade. 

Qual é a maior fragilidade do exercício do pastoreado?

A autossuficiência, quando o caráter e as suas atitudes mudam. Eu acho que quando a gente conquista algo é Deus conquistando através de nós. Para não ceder, porque a linha é muito tênue, não devemos mudar, devemos lembrar quem éramos, que o que está acontecendo é fruto de Deus, ou seja, manter a humildade, o relacionamento e a amizade com Deus.

E o ponto forte do exercício do pastoreado e o que mais alegra em ser pastor?

Sinceridade é o ponto mais forte. As pessoas percebem isso, ovelha não se engana, pastor que acha isso se engana. A gente precisa ser verdadeiro. O que mais me alegra é a salvação, tive a oportunidade de batizar milhares de vidas nessa igreja, essa é a minha maior alegria; a segunda é ver o desenvolvimento das pessoas, elas se mantendo firmes na fé, casando, trabalhando. 

Qual seria seu conselho para quem ainda não tem experimentado essa alegria?

A primeira coisa é crer que Deus chamou, se tiver fé e dependência a certeza é a benção de Deus, porque alinha a vontade de Deus a sua vontade, posso dizer que, encontrar o ponto forte e a alegria só na experiência. 

Como evitar o conflito de papéis, como não ser pastor no lugar de pai ou pastor no lugar de marido?

Eu não consegui desmembrar isso no decorrer da minha vida muito bem. A gente acaba levando a igreja para dentro de casa, mas isso pode prejudicar a família, contudo, eu tento ser pai, esposo, sem ser pastor, mas é difícil quando todos estão envolvidos na igreja, pois às vezes a gente acaba comentando e debatendo sobre algum assunto. Aqui entra o papel da esposa, ela tem de ser sábia para não confrontar o seu marido, é o caso da minha esposa, que é minha ajudadora em coisas que eu não tenho entendimento como ela.

Sobre a autoridade pastoral em um mundo onde a religiosidade cristã está cada vez mais desacreditada, o que o senhor tem a dizer? 

Na minha experiência, há um grande ganho em pregar o genuíno evangelho. Eu tenho pregado isso e mesmo sem prega a teologia da prosperidade, as pessoas da nossa comunidade são prósperas, a prosperidade bíblica não é ter dinheiro, mas ser feliz, ter um lar abençoado, uma família estruturada, ter alegria, paz. Essa secularização que a igreja vive é culpa de certos líderes, a gente mesmo tem dificuldades com algumas instituições, como prisões e hospitais, muito por causa dos erros de alguns religiosos. Para tratar com o mundo, cada vez mais secularizado, a igreja precisa viabilizar maneiras da igreja se relacionar, não é trazer o mundo para a igreja, mas viabilizar o envolvimento e a comunhão.

Bem, chegamos ao fim, o Sr. poderia deixar um recado para os leitores? 

Aproveitando o contexto, o que eu posso deixar é que servir a Cristo ainda é o maior projeto de vida. Jesus é o mesmo. O maior prazer. Se sacrificar e ser humilde ainda vale a pena. Precisamos voltar ao cristianismo sincero, simples e que faça parte do céu, que cada leitor seja ajudado por Deus a entender o que o evangelho é o Reino de Deus em nosso coração. Deus nos dá paz, alegria e salvação. Deus é suficiente. O mundo não deve ditar o que é ser cristão, mas o evangelho deve demonstrar o que um cristão é