No
dia dia de um cristão o mundo está presente. Isso é um fato. Como
ser humano, toda pessoa está inserida em um meio, imersa em um
sistema cultural e de linguagem, participa de algum modo do sistema
político-econômico do mundo e portanto está no mundo. É ator
participante e ser cívico.
Mas
como podemos estar no mundo se somos separados dele? Deus não chamou
o homem à santificação? Pois como diz Levítico 20: 26 Deus
nos chamou para ser povo seu; a igreja, como assim foi com Israel,
foi separada de outros povos para ser de Deus e isso nos tira do
mundo.
Será
mesmo ? Por qual razão então Jesus em sua oração diria no verso
15 do Cap. 17 de João que o Pai não tirasse os seus do mundo, mas
os livrasse do mal ? Existe então contradição na bíblia, haveria
aqui uma afronta de Jesus? Não. A Bíblia é infalível e Jesus fala
da mesma coisa que a passagem de Levítico; é nossa leitura que
acaba por fazer com que entendamos o sentido de santidade - ou seja
separação para Deus- como Separatismo.
As
duas coisas são bem diferentes, o separatismo é
expressividade requintada de um farisaísmo de terceira, o
separatista conhece a lei de Deus; é consciente da graça, mas não
entende os atributos da santidade de Deus, não conhece o amor e por
isso não pode conhecer a Deus. O separatista é o viajante que vê a
ponte para o paraíso, mas para no meio do caminho e impede que
outros utilizem a mesma entrada que ele utilizou. Ele é pedra de
tropeço e como pedra rola para baixo.
A
pessoa separada por Deus vive o reino de Deus, que é paz, alegria e
justiça (Romanos 14:17) e como vive o reino não precisa sair do
mundo, pois Deus o livra do mal, assim não precisa ir apenas para
passeios de crente, comprar apenas coisas de crente, deixar de
apreciar arte, literatura porque não vem de alguém que é
crente. Antes faz do que toca e do que vive, coisa de Cristo e
consagrando à Ele toda a vida, converte cada ato em culto e assim é
afastado do que o guiaria a perdição, glorificando a Deus e sendo
por isso reflexo de sua imagem.
Dessa
maneira, podemos dizer que separação que Deus executa naquele
que foi convencido por ele a segui-lo não é circunstancial, mas é
uma prática constante exercida em toda e qualquer circunstância.
A
santidade de Deus nos permite alargar horizontes, viver em paz,
executar justiça - social, individual e psicológica- e ser
justificado - na eternidade e em cada esfera da vida mortal.
A separação de Deus é um chamado para união de todo
homem com ele; sendo assim é expressão de pureza, longanimidade ,
ciência e amor não fingido (2 coríntios 6:6). Ser um santo de Deus
é estar atuante na mudança do mundo e na proclamação do evangelho
do cordeiro.
Comparar
o chamado da vida santa ao separatismo manifesto no se ausentar do
mundo é encarar a vida cristã como um talento que se esconde e o
amor de Deus como um sentimento egoísta. Que todas as áreas da vida
cívica sejam regadas com nossa santidade, através da tolerância,
da compaixão, do abandono da violência e do preconceito; mas acima
de tudo com a preservação da ortodoxia da fé e do convite ao
chamado à nova vida.
Que
cada dia mais estejamos inseridos no mundo, mergulhados e atuantes no
mundo e que neste mergulho Jesus esteja conosco, para que outros
vendo-o em nós, o desejem e o desejando sejam salvos e livres do
mesmo mal que um dia nos assolou.
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