Romanos
nos ensina que Cristo é substituto e redentor nosso, seu dom de
salvação é uma resposta a ofensa de Adão. Se pelo segundo fomos
condenados e pecamos, pelo primeiro somos chamados a redenção e
somos feitos santos. Paulo, nesta carta, nos oferece o entendimento
que não há obra, lei ou atitude de agência humana que nos faça se
aproximar de Deus, o quadro, portanto, é desesperador e pessimista,
entretanto, a resposta do apóstolo aponta para um fim de grande
otimismo, pois não há pecado em demasia que a graça de Cristo,
mediante a fé, não possa tornar limpo.
Mergulhado
na graça, através da convicção da fé, temos a certeza da atitude
transformadora que o Espírito de Deus opera em nós, a graça de
Deus não é uma expressão barata, ela nos move para longe do pecado
e nos livra de seu poder. Como uma chave, a graça de Deus destranca
as algemas dos pecados que nos faziam trabalhar pela morte e em seu
lugar nos concede o presente da vida eterna, outorgando em nosso
coração a servência do viver em novidade do Espírito. Ter a
graça de Cristo como meio salvífico é ser convertido e
transformado.
A
conversão e transformação da graça nos faz usufruir do gozo da
santidade e nos abre as portas para a liberdade cristã,
verdadeiramente o poder sobre toda concupiscência. A liberdade da
graça, que frutifica em santidade, é também expressa no desejo
operado pelo Espírito Santo de vivermos em serviço, de maneira
tolerante e equilibrada, capaz de demonstrarmos uns aos outros que a
santidade do Senhor não é inerte, mas um crescente movimento
totalizante e de cunho transformador.
Para
sintetizar tudo aquilo que Romanos nos passa, podemos usar dois
símbolos como analogia, seriam o círculo e a espiral. O primeiro
resume o caráter fechado de Romanos em seu sentido teológico; a
epístola é perfeita, pura palavra de Deus, a carta revela todos os
aspectos e processos gerais da obra soteriológica de Cristo, bem
como suas consequências nos crentes, sejam estes judeus ou gentios;
não há em suas linhas espaço para adendos naquilo que ela trata,
ou seja, a salvação é ato de Deus, o amor por Deus é fruto do
próprio Deus e é nossa fé no poder deste Deus amoroso e justo que
nos leva a certeza de nossa salvação. O segundo símbolo, a
espiral, nos toca em um sentido devocional de Romanos, toda e
qualquer leitura desta carta- bem como da palavra de Deus em sua
totalidade- nos leva para um nível mais abrangente de entendimento
dos desígnios divinos em nossa vida, o ponto inicial pode ser
condensando e localizado, contudo, o fim é abrangente e adinfinitum.
Por
fim, nós
acreditamos que Romanos, assim como toda a Bíblia se lida de maneira
atenta, revela a integralidade do chamado de Deus para seu povo. A
salvação não é o último passo para o cristão- até porque não
foi ele que deu- a salvação é o primeiro passo, após ela, há o
chamado de amplificar sua experiência ao mundo em amor, servidão,
sabedoria e liberdade. Romanos não ensina que nosso Deus é um Deus
de espíritos, apenas. O Senhor de nossas vidas não está
interessado só na condição de nossas almas, antes deseja tomar o
controle de nossa totalidade, libertar o corpo, moldar a mente, fazer
de cada um que chama por servo parte de um corpo saudável, santo e
capaz de expressar aquilo que é a sua boa, perfeita e agradável
vontade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário