Deuteronômio é o livro sobre a amizade entre Deus e o seu povo. Os atos do divino amor e sua evocação pela gratidão do povo por tal sentimento, naquelas páginas encontramos as provas do que é viver no gozo de ser considerado amigo de Deus. São nos em tais registros que percebemos a preocupação de Javé em manter viva a aliança com um povo escolhido a dedo.
A aliança
discursada por Moisés e registrada em Deuteronômio expressa a
poderosa mensagem de um Deus amoroso e que se coloca como único.
Neste livro, encontramos o que pode-se chamar do credo da
religiosidade hebraica primitiva.
“Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma e de todo o teu poder” Deuteronômio 6. 4-5
Deuteronômio
relembra os seus ouvintes de que o seu Deus é a divindade que os
chama à libertação de maneira graciosa em atitudes de amparo,
reciprocidade e amor.
“ Não perverterás o direito do estrangeiro e do órfão; nem tomarás penhor a roupa da viúva. Mas lembra-te de que foste servo no Egito e de que o Senhor te livrou dali; pelo que te ordeno que faças isso” Deuteronômio 24. 17-18.
Mas do
que um código ético e legal, Deuteronômio lembra que a devoção
ao Senhor é um ato que expõe-se nas esferas da lealdade, do
compromisso e da dedicação abarcando todos os deveres da vida. O
compromisso é integral, formalizado com o dever pedagógico do
ensino em família e tem como fim uma entrega completa.
“Amarás teu Deus e guardarás a sua observância, e os seus estatutos, e os seus juízos, e os seus mandamentos, todos os dias. Deuteronômio 11. 1;
“ Agora, pois, ó Israel, que é o que o Senhor, teu Deus, pede de ti, senão que temas o Senhor, teu Deus, e que andes em todos os seus caminhos, e o ames, e sirvas ao Senhor, teu Deus, com todo o teu coração e com toda a tua alma.” Deuteronômio 10. 12;
“E estas palavras que hoje te ordeno estarão no teu coração; e as intimará a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te” Deuteronômio 6. 7-8.
O maior
de todos os benefícios que Israel poderia receber com a mensagem de
Deuteronômio é afirmação de que o Deus criador elegeu esta nação
para chamar de amiga e relacionar-se. A santidade de Deus deveria
ser portanto refletida na observância da lei como um culto de
gratidão a graça da salvação, a separação e a observação
legal dos mandamentos não eram o meio da redenção, mas um memorial
do favor imerecido dado por Javé.
“Porque povo santo és ao Senhor, teu Deus; o Senhor, teu Deus, te escolheu, para que lhe fosses o seu povo próprio, de todos os povos que sobre a terra há. O Senhor não tomou prazer em vós, nem vos escolheu, porque a vossa multidão era mais do que a de todos os outros povos, pois vós eras menos em número do que todos os outros povos, mas porque o Senhor vos amava; e, para guardar o juramento que jurara a vossos pais, o Senhor vos tirou com a mão forte e vos resgatou da casa da servidão da mão de Faraó, rei do Egito” Deuteronômio 7. 6-8
Os
últimos capítulos do livro encerram-se mostrando o que significa
estar perto e longe de Deus, a relação de amizade é apresentada de
maneira didática em termos de benção e maldição, Javé reitera
que mesmo se exercer juízo sobre o povo, por razão de sua dureza,
atenderá o seu clamor de arrependimento, respondendo com salvação
e amor. Por fim, se é dado a certeza de que o Deus da lei é antes
um Deus de relacionamento e que a graça da sua lei e a lei de sua
graça estão ao alcance daqueles que a ouvem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário