“Quem
crê no Filho de Deus em si mesmo tem o testemunho; quem em Deus não
crê mentiroso fez, porquanto não creu no testemunho que Deus de
seu Filho deu. E o testemunho é este: que Deus nos deu a vida
eterna; e esta vida está em seu Filho. Quem tem o Filho tem a vida;
quem não tem o Filho de Deus não tem a vida” 1 João 5. 10-12
Não
se pode chegar a uma outra conclusão depois de ser ler as palavras
de João em suas cartas, seu único propósito é demonstrar que,
como essência divina, o amor se apresenta como substância integral
do ser imutável de Deus, os gestos de Deus em
sua relação ao homem são sempre em primeiro lugar gestos de amor,
atos de vida, que estão constituídos na figura de seu Filho e na
doação deste.
Movido
por amor, Deus se dirige a humanidade e revela sua eternidade na
simplicidade humana de Jesus, o verbo que é o Filho, ganha um nome,
torna-se homem, constitui-se em carne, corpo e sangue e é a partir
disso que o Pai distribui ao mundo o perdão dos pecados e a vida
eterna. A humanidade está perdoada por um gesto de amor e aqueles
que não menosprezam esse amor são transformados pela palavra e
feitos filhos de Deus.
Nos
versículos em destaque, João deixa claro que a manifestação
material e salvífica do amor remidor, que é Jesus, é o meio pelo
qual conhecemos ao Deus infinito e absurdo, aquele que antes era
incognoscível, torna-se conhecido e agora compartilha conosco seus
atributos em um relacionamento afetuoso e familiar.
As
palavras finais dos versos destacados esclarecem o mistério falado
pelo apóstolo, neles tomamos consciência que o amor é combustível
para a vida, pois Deus é amor, Deus é salvação, Deus é Jesus,
que também é homem e nos ensina empaticamente a irmos em direção
do gesto do amor, ao pensar em amor, ao viver em amor. Nesta dança
com Deus, nos afastamos da identidade do mundo e nos tornamos santos.
Enfim,
compreendo que o apóstolo nos convida com a intimidade de quem foi
chamado o apóstolo mais amado a sermos para outros o que Jesus
Cristo foi para ele, um irmão amoroso, um homem compassivo. Seu
chamado é para abandonarmos as aparências místicas e
espiritualista, entendendo que é na carne que se mostra os frutos de
Deus, de forma semelhante aquela que Deus fez ao se colocar como
homem.
Vamos
tornemo-nos meios visíveis da graça, no corpo, no arrependimento,
que compreendamos que Deus transforma nossa substância e a converge
impregnando-a do seu amor.
Trecho extraído do livro Uma
Teologia do Amor: Vida Santa Conforme as Epístolas Joaninas
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