Recentemente, li o livro “Redescobrindo o
Tesouro Perdido do Culto Familiar” de Jerry Marcellino que me despertou para a temática e me permitiu a construção de uma série de posts sobre o assunto. Este é o primeiro deles.
A igreja, se não o próprio cristianismo como instituição, nasce dentro dos lares e só depois ganha os grandes salões. No entanto, este hábito, que foi bastante popular entre os Puritanos já no período pós-reforma, com o passar dos anos se perdeu, transformando-se na contemporaneidade em um ato marginal na vivência cristã, fundamentada basicamente na figura da igreja e sua liderança. Em contraponto, os espíritas praticam reuniões familiares semanalmente, tais reuniões têm dois propósitos específicos: 1- fortalecimento do espiritismo no lar 2- promoção de tal doutrina, objetivos que foram nitidamente copiados da prática cristã.
Nestes artigos, falaremos do que acredito ser
os passos mais interessantes para implementar esta prática na vida cristã, tendo por base um jovem recém-casado que ainda não possui filhos, que é o meu caso. Neste artigo específico, trataremos da Mordomia dos dons e das bençãos divinas como razão para o culto familiar.
Mordomia dos dons e bençãos divinas
Chama bastante minha
atenção como primeiro ponto de importância do restabelecimento do
culto familiar, o cuidado com o legado e com os presentes que o
Senhor tem nos dado.Todo bom cristão
entende que aquilo que possui ou com quem se relaciona são frutos da
graça divina, tudo provém de Deus ( 1 Cr. 29.14; Rm 11. 36) e por isso precisam ser administradas com zelo e amor, ou seja, as coisas não estão em sua vida como produtos que se podem ser explorados egoisticamente até a destruição, mas se fazem presentes para que o cristão exerça sobre elas o cuidado. Aqui, inclusive, cabe um destaque: o ministério do cuidado foi dado por Deus ainda no Éden. ( Gn, 2.16)
Vejo no culto familiar uma ferramenta pela qual a noção deste cuidado pode ser amadurecida. Isto decorre porque nele entendimento de que
somos mordomos daquilo que nos é dado pode ser desenvolvido e cultivado mais intimamente, nossa casa é o nosso Éden e foi nos dada por um Deus que nos ama, aqueles que compartilham dela conosco são terreno fértil para o exercício do ministério do cuidado e o culto doméstico é uma maneira de colocarmos isso na prática. Nele, entendemos que devemos orar uns pelos outros, viver suportando uns aos outros com amor, nos fortificando na Palavra. Se somos igreja quando estamos reunidos, eu pergunto: Há melhor espaço do que a família para viver o que está descrito em Atos 2. 42 ?
Para concluir, ressalto outro ponto importante: mesmo casais sem filhos pensam em um futuro com filhos, assim, desde agora precisam entender que
os filhos são dons e bençãos divinas e que que devem ser
alcançados pela mordomia cristã do ensino no que toca a uma conduta cristã coerente nas esferas do cuidado com os mais frágeis do mundo ( Tg. 1. 27), com a natureza ( Gn, 2.16), com o bem ( Rm. 12. 21). Esta educação cristã não é papel da igreja somente, mas dos pais, pois o mandato do ensino dos pequenos é dado por Deus como responsabilidade da paternidade
“Ensina
a criança no Caminho em que deve andar, e mesmo quando for idoso não
se desviará dele!” ( Provérbios 22:6)
Assim,
apesar de parecer um pouco estranho um culto em “dupla”
transformar isto em um hábito se tornará uma ferramenta muito
interessante e facilitará na inserção dos futuros filhos nessa
realidade.
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