quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Tempos Estranhos



Vivemos tempos estranhos. Há de um lado um irracionalismo transvestido de fé verdadeira, do outro, um liberalismo transvestindo a fé cristã de filosofia humanista. O primeiro movimento surge da pobreza de reflexão de líderes e liderados. O segundo movimento, surge dos germes do iluminismo e do humanismo exacerbado que na reflexão do evangelho tira Deus do centro e coloca o bem estar do homem em seu lugar.

Para mim ambas as perspectivas apontam para pontas de um mesmo espectro, trata-se da falta de reverência no proceder- ou não proceder- da reflexão escriturística. Cada vez mais, os ignorantes arrotam pseudo-santidade e os sábios em seu conhecimento tornam-se menos que néscios- afinal, os loucos também encontrarão o reino dos céus.

Enquanto uns tornam-se bruxos do evangelho e enraízam-se na lei da aniquilação do outro, da religião do outro, da sexualidade do outro, professando que assim são fiéis aos desígnios de Deus. Não vendo, por exemplo, seu próprio sincretismo e excessos- heresias para mim, para outros só excesso mesmo- presente na nomenclatura dos demônios, no resgate das indulgências e misticismo exacerbado.

Os segundos correm para o outro lado. Negam, em nome da conhecimento acadêmico, as verdades bíblicas, criticam as palavras inspiradas pelo Espírito Santo, rebaixam o sagrado e imutável à categoria de cultural e discutível. Afrouxam doutrinas em nome de inclusão, de quantidade; tornam evangelho livro de autoajuda e manual falho de princípios ético- filosóficos.
Os primeiros blasfemam na ignorância, os liberais blasfemam em sua inteligência. O erro é o mesmo: a falta de graça e compromisso com a palavra. Burrice é porta de entrada para atrocidades temíveis e não para o paraíso; inteligência não é segurança de ser um salvo, pode ser inclusive passaporte para o inferno.

Como bem fala Franklin Ferreira, precisamos resgatar os princípios. Atitude sensata esta. Atitude inteligente. Trocar o ensino e a práxis de uma graça barata – que de graça não tem nada- e começarmos a lembrarmos que a graça é preciosa. Como afirma Dietrich Bonhoeffer, citado pelo Ferreira,
A graça preciosa é o tesouro oculto no campo, [...]é o evangelho que há de se procurar sempre de novo, o dom pelo qual se tem que orar, a porta à qual se tem que bater [...]Essa graça é sobretudo preciosa por tê-lo sido para Deus, por ter custado a Deus a vida de seu Filho – ‘fostes comprados por preço’ – e porque não pode ser barato para nós aquilo que para Deus custou caro. A graça é graça sobretudo por Deus não ter achado que seu Filho fosse preço demasiado caro a pagar pela nossa vida, antes o deu por nós. A graça preciosa é a encarnação de Deus.

Nem ignorantes, nem fariseus- ou seja, doutores da lei, hipócritas. Sejamos sempre discípulos da graça preciosa de Deus. Refletindo-a, pensando-a por ela mesma, a partir dela e em sua defesa.



Embebecidos pela doutrina do Espírito Santo, sigamos o caminho da inteligência do cordeiro, aquela que nos diz que não somos nada, que não temos nada; mas que mesmo assim, Deus nos amou e por este amor nos elegeu e nos chamou para a missão de com este amor plantar com autoridade a ortodoxa palavra do amor. Aquela que atesta Jesus como nosso salvador.

Referências
FERREIRA, Franklin. Devoção Cristã em tempos de mudança. Ministério Fiel/artigos. Fev. 2014.

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