segunda-feira, 12 de maio de 2014

Recaia Sobre Nós o Sangue



O sacrifício de Cristo é sinônimo de perdão. Todo e qualquer pecado é purificado no cordeiro. Este é o entendimento evangélico tradicional, bíblico e ortodoxo. Mas, talvez, possamos aplicar uma reflexão negativa, ou, em um termo menos pesado, um pensamento mais amplo. Neste sentido, proponho pensarmos que o sacrifício de Cristo é sinônimo de culpa. Toda e qualquer culpa está demonstrada no cordeiro imolado. 

Pensar no madeiro como lugar de culpa, nos leva ao nome do nosso post de hoje, "Recaia sobre Nós o Sangue"; revela-nos um caráter que às vezes esquecemos ao olharmos para a cruz, o caráter de condenação. A graça, a purificação, o amor e todos os atributos que enaltecemos ao olharmos para a cruz têm um contraponto, que podemos induzir no sentido de uma única palavra, condenação.

Portanto, graça é o negativo da condenação e em mesma medida condenação o averso da graça, contudo, ambos os conceitos estão ligados através de um único elemento, o sangue que recai sobre nós. Neste sentido, não há homem no mundo que não tenha parte naquilo que Cristo protagonizou, predestinadamente o sangue de Deus recairá sobre a cabeça de todos nós, tão logo, predestinadamente estamos envolvidos em todo universo simbólico que estas figuras carregam.

No pêndulo do sacrifício, em sua dialética sacra, temos a síntese do perdão e a antítese da condenação, que produz a justiça. A cruz sacia a ira, amplia o amor, sacrifica o cordeiro e aproxima em derradeiro ato Deus dos homens, tudo no recair sobre todos o sangue, aqui há universalidade da salvação e aqui há a universalidade da condenação. 

O que quero dizer com isso? É simples. Todo homem está sob o sangue, mas em circunstâncias diferentes, necessariamente aquele que está em Cristo, está na graça, logo, sua culpa e pecado estão no sacrifício de  Cristo, desde de sempre e até para sempre. 

Mas, como está sob o sangue o que está em Cristo, também está sob o sangue o que não está. Este carrega a culpa da cruz, seu pecado está na cruz, pregado com Cristo, perdoado por Cristo, contudo, não tomando a cruz como salvação, recai sobre ele o sangue como condenação, sua incredulidade o faz "assassino" do Cristo em sua vida, recusando a coroa do paraíso, aceita-se a coleira do inferno.

Por fim, que sejamos conscientes que estamos sob o sangue, que não podemos fugir do sacrifício de Deus e que é nossa posição em relação a Ele que definirá o lugar e o significado da culpa pregada na cruz.   

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