segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

CALENDÁRIO LITÚRGICO UM LEGADO A SER RETOMADO




Com o decorrer do desenvolvimento do protestantismo e os seus diversos movimentos internos preciosidades litúrgicas foram abandonadas por boa parte das igrejas mais recentes, este é o caso do Calendário Litúrgico ainda hoje observado por igrejas mais tradicionais e também pela igreja católica. Este post tem como objetivo apresentar a partir das diretrizes da Igreja Metodista e Episcopal Anglicana Livre o que é o Calendário Litúrgico e o que cada ciclo significa. 

O ANO CRISTÃO 

Ano Cristão, é composto por quatro grandes ciclos. Um deles, é determinado pela data móvel do Domingo da Ressurreição (Páscoa) e o outro, pela data fixa da festa da Natividade de nosso Senhor (Natal), em 25 de dezembro, os outros dois são chamados de ciclos de tempo comum. O dia da Páscoa ocorre entre os dias 22 de março e 25 de abril, sempre no primeiro domingo após a lua cheia do dia 21 de março ou depois. A sequência de todos os domingos do ano eclesiástico depende da data da Páscoa, mas os domingos do Advento são sempre os quatro domingos que antecedem o dia 25 de dezembro, independentemente se este cai num domingo ou em qualquer outro dia da semana. A data da Páscoa também determina o começo da Quaresma na Quarta-feira de Cinzas e a festa da Ascensão na quinta feira, quarenta dias após o domingo de Páscoa. O dia civil é medido de meia-noite a meia-noite. O dia litúrgico, entretanto, se estende de pôr-do-sol a pôr-do-sol, ou seja, do início da noite ao fim do dia seguinte.

O CALENDÁRIO LITÚRGICO

O Calendário Litúrgico não é uma ideia, mas uma pessoa: Jesus Cristo e o Seu mistério realizado no tempo, que hoje a Igreja celebra sacramentalmente como memória, presença e profecia.  O Ano Litúrgico se baseia, portanto, na história da salvação, cujo centro irradiador é o mistério pascal e a união em Cristo. Esse evento histórico é celebrado como memorial litúrgico, que atualiza a mensagem da salvação e desafia a comunidade de fé na direção da consumação do Reino de Deus.

CICLO DO NATAL

O Ciclo do Natal corresponde a quatro tempos litúrgicos do calendário cristão, a saber: Advento, Natal, Epifania e Batismo do Senhor. Este ciclo tem início quatro domingos antes do Natal e se estende até o Batismo do Senhor. 

Advento: O Advento é o tempo que marca o início do calendário litúrgico cristão.o Advento surge como preparação para o nascimento de Jesus, o Natal. Advento, do latim adventus, significa "vinda", "espera". Trata-se de urna celebração cujo foco é a expectativa da vinda do Messias, o Cristo prometido. Nesse período, celebra-se a espera do Messias, e pode ser dividido em duas partes: os dois primeiros domingos enfatizam o Advento Escatológico; o terceiro e o quarto domingos, a Preparação do Natal de Cristo. Dessa forma, o Advento tem a dimensão da expectativa da  segunda vinda de Cristo, bem como a expectativa da chegada do Messias que concretiza o Reino, o "já" e o "ainda não", que significa viver à espera do cumprimento das promessas e renovar a esperança no reino que virá. A espiritualidade do Advento é marcada pela esperança e pelo aguardo do Messias prometido; a fé na concretização da promessa; o amor que se demonstra com a chegada do Messias e a paz por Ele anunciada e plenificada. No Advento, usa-se o roxo, o lilás e o rosa. O roxo significa contrição, daí a matização das cores no sentido de ir clareando conforme a chegada do Natal. O rosa, geralmente, é usado no quarto domingo do Advento, que simboliza a alegria.

Natal: O segundo tempo litúrgico desse ciclo é o Natal.Natal, na acepção da palavra, significa "nascimento", entretanto, para as/os cristãs/aos, a partir do século IV d.C., esse significado é ainda mais profundo, pois, com o nascimento de Cristo, celebra-se "o Verbo que se fez carne e habitou entre nós", o Deus infinitamente rico se faz servo e habita entre os despossuídos da terra. É esse Verbo que atrai para Si toda a criação, a fim de reintegrá-la ao projeto salvífico de Deus. A espiritualidade desse período enfatiza a humanidade de Cristo e a salvação que nEle é absoluta. Para o Natal, utilizam-se as cores: branco e/ou amarelo, símbolos da divindade, da luz, da glória, da alegria e da vitória que o nascimento de Cristo representa para a humanidade.

Epifania: O terceiro tempo desse ciclo é a Epifania. que surgiu no Oriente como festa da manifestação do Cristo encarnado. Epifania, do grego (Thifimeia, significa "manifestação-, "aparição-. Antes  de tornar-se um termo utilizado pelos/as cristãos/ãs, significava a chegada de um rei ou imperador. A partir de Cristo, tem a conotação de manifestação do divino ao mundo, que no Antigo Testamento era expressa pelo termo "teofania-. Esse tempo celebra a manifestação de Cristo aos seres humanos. no momento em que os reis do Oriente seguiram a estrela em busca daquele que viria a ser o Salvador por excelência. A Epifania é para o Natal o que o Pentecostes é para a Páscoa, isto é, desenvolvimento e permanência do ato de Cristo em favor da humanidade. A espiritualidade desse período é caracterizada pela manifestação e aparição de Cristo ao mundo. É o Cristo prometido que se torna uma realidade na vida de mulheres e homens que procuram a paz, a justiça e o amor. Na Epifania, usa-se o branco por oito dias e, após, o amarelo até o domingo do Batismo do Senhor.

Batismo do Senhor: O Batismo do Senhor é celebrado no primeiro domingo após a Epifania e representa o início da missão de Jesus no mundo. Esse tempo é parte da manifestação de Jesus aos seres humanos, por isso, trata-se de uma continuidade da Epifania. Diferenciando-se pelo fato de que, na Epifania, é o ser humano (representado pelos magos) que vai a Cristo, ao passo que, com o Batismo do Senhor, é Deus (por meio de Jesus Cristo) que vem até o ser humano, a fim de cumprir Sua missão. Por isso, a espiritualidade desse dia é marcada pela missão iniciada por Jesus em prol dos menos favorecidos e injustiçados. Com o Batismo do Senhor termina o Ciclo do Natal, dando-se início ao Tempo Comum.

CICLO DO TEMPO COMUM

Além dos dois ciclos festivos (Ciclo do Natal e Ciclo da Páscoa), o "Ano do Senhor" também contempla 33 ou 34 semanas, situadas entre o Natal e a Páscoa. Esse período recebeu a designação Tempo Comum por contrapor-se à época festiva do Ano Cristão. O fato de haver um Tempo Comum ressalta o significado de que Deus não é Senhor somente das coisas extraordinárias. mas também o é do cotidiano. Enfatiza a presença constante e amorosa do Pai na caminhada do povo rumo à plenitude do Reino. A cada celebração, antecipamos a eterna liturgia do céu, para o qual nos preparamos, dia a dia, tanto no tempo festivo como no tempo comum. A postura mais amplamente adotada pelos protestantes do mundo todo foi a de designar as duas partes do Tempo Comum como sendo "Tempo após Epifania" e "Tempo após Pentecostes", respectivamente. 

TEMPO COMUM (1ª PARTE): Anúncio do Reino (Após Epifania) A primeira parte do Tempo Comum tem início na segunda-feira após a comemoração do Batismo do Senhor e vai até a véspera da Quarta-Feira de Cinzas, quando começa a Quaresma (Ciclo da Páscoa). Sua espiritualidade enfatiza o anúncio do Reino de Deus e visa à esperança e à pregação da Palavra.

TEMPO COMUM (2a PARTE): Vivência do Reino (Após Pentecostes) A segunda parte do Tempo Comum, que também é o período mais longo, começa na segunda-feira após Pentecostes e dura até a véspera do Primeiro Domingo do Advento, quando tem início o Ciclo do Natal. Sua espiritualidade comemora o próprio ministério de Cristo em sua plenitude, principalmente aos domingos, e enfatiza a vivência do Reino de Deus e a compreensão de que os/as cristãos/as são o sinal desse Reino. Se na primeira parte do Tempo Comum a ênfase é o anúncio, na segunda é a concretização do Reino de Deus.

Em ambos os períodos do Tempo Comum, usa-se o verde como cor litúrgica – sinalizando a Criação, a perseverança e a constância.

CICLO DA PÁSCOA 

O ciclo pascal, composto por Quaresma, Semana Santa, Período da Páscoa e, encerrando, Pentecostes, formou-se a partir de um processo de reflexão e sistematização do cristianismo. que durou do primeiro ao quarto século da era Cristã. A partir desse ciclo se constituiu todo o calendário litúrgico.

Quaresma: Da Quarta-feira de cinzas ao Domingo de Ramos, este período enfatiza a importância da contrição, do preparo e da conversão. Inicia-se no 40° dia antes da Páscoa, sem contar os domingos. O início, na Quarta-feira de cinzas, retorna à tradição bíblica do arrependimento com cinzas e vestes de saco (Jn 3.5-6). É um momento oportuno para refletir sobre a confissão e o valor do perdão de Deus. Sua espiritualidade enfatiza momentos de preparo na história bíblica geral e da vida de Jesus. As cores da quaresma são o roxo e o lilás.

Semana Santa: Inicia-se no domingo de Ramos. Celebração de Cristo como o Messias, salvador dos pobres, o rei dos humildes. Reflete, passo a passo, os últimos momentos até o ápice da paixão, passando pela instituição da Eucaristia, pelo lavapés, pela traição, prisão e crucificação do Senhor. Este é o momento da vigília de preparo para a ressurreição. Sua espiritualidade chama-nos a atenção para os momentos finais de Jesus, até o ápice de Sua paixão A cor da semana santa são o roxo e o preto na sexta feira.

Páscoa: É a festa da ressurreição e da libertação. Um novo Êxodo ocorre e a humanidade passa do cativeiro da morte para a vida. Sua solenidade pode iniciar-se já na Quinta-feira (instituição da ceia). Contudo. a celebração da ressurreição começa com uma vigília na noite de sábado, encontrando sua plenitude no romper da aurora, quando Cristo é lembrado como o Sol da justiça, que traz a luz da nova vida na ressurreição. A espiritualidade aponta para a ressurreição As cores da Páscoa são o branco e o amarelo ouro.

Pentecostes: Na era cristã, o Pentecostes tornou-se o último dia do ciclo pascal, quando se celebra a chegada do Espírito Santo como Aquele que atualiza a presença do ressuscitado entre nós, dando força para que as comunidades sejam testemunhas de Jesus na história. A espiritualidade que nos orienta nesse período fala da presença consoladora do Espírito, que semeia nos corações a esperança do Reino de Deus e nos impulsiona para a missão. A cor do Pentecostes é o vermelho.




Nenhum comentário:

Postar um comentário