Meus filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por obra e em verdade. 1 João 3.17
No
primeiro post sobre o nosso encontro (saiba mais AQUI) tentei esboçar um pouco os
desafios e o princípio da significância da fé ativa, da verdadeira
fé cristã. Hoje, precisamos refletir em que dimensões o viver para
o outro se manifesta na igreja e como se dá perfeitamente esta
conjugação.
É
necessário dizer que uma fé cristã engajada em ação social não
se limita a apenas uma dimensão do labor cristão, mas se porta como
uma confluência de atos, gestos e ditos, que agregam sob o sangue de
Cristo a totalidade das pessoas remidas, desfrutantes de uma
santificação processual, abrangente e aglutinadora.
Portanto,
todo o pensar e trabalhar cristão deve ter em mente três esferas:
(a) evangélica; (b) comunitária e (c) assistencial, uma fé cristã
para ser de fato cristã deve ser integral, completa. É o que nos
deixa claro o verso da 1 carta de João em destaque e a afirmação
de Tiago em sua carta ao dizer Tu crês que há só um Deus? Fazes
bem; também os demônios o creem e estremecem. (
tiago 2.19), a fé de um cristão não pode levá-lo apenas ao estado
subjetivo de crente, pois isso não é fé, ela nos leva a um estado
de consciência que vai além da palavra e de nossa língua, abrange
nossos atos e torna nossa existência pautada na Verdade.
A
fé cristã nos leva para além do individualismo doentio, do egoísmo e aqui encontramos a primeira dimensão, deveras a essencial. Ao
sermos alcançados pela graça somos chamados a entregar o presente a
outros, temos o mapa que leva ao Reino, somos embaixadores do
paraíso, vocacionados a chamar outros à habitar uma cidade de bem
aventuranças eternas. Aqui se inscreve o princípio do objetivo
máximo do cristianismo: Ide por todo o mundo, pregai o
evangelho a toda a criatura
(Marcos
16.15).
Contudo,
a dimensão evangélica da fé, se coerente com aquela apresentada na
Bíblia, produz o chamado à comunidade e esta não é a homogenização
das idiossincrasias, mas sua valorização mediante a conjugação do
“eu” em “nós” na inserção do fiel no corpo de Cristo, ou
seja, é o viver realmente, de maneira autêntica, em uma participação
totalizante que define o ajuntamento comunitário.
Somos diferentes,
Deus sabe disso, mas precisamos um dos outros, a homogenização
expressa por uma fé vivida
na falsa imagem do “socialmente”
é o coletivismo doentio que nos isola na solidão paradoxal da multidão solitária, mas a
valorização da diferença e de sua necessidade na comunidade nos
chama a solidariedade e ao serviço, como
afirma o apóstolo: Se
todo o corpo fosse olho, onde estaria o ouvido? Se todo fosse ouvido,
onde estaria o olfato? Mas, agora, Deus colocou os membros no corpo,
cada um deles como quis. E se todos fossem um só membro, onde
estaria o corpo? Agora, pois, há muitos membros, mas um corpo. E o
olho não pode dizer à mão: Não tenho necessidade de ti; nem ainda
a cabeça, aos pés: Não tenho necessidade de vós. 1
Coríntios 12. 16-21
Porém,
a integralidade da fé não se resume aos seus âmbitos evangélico e
comunitário, se isso ocorre, gera-se isolacionismo e apatia ante as
dificuldades do mundo e consequentemente das pessoas. Existe
uma terceira dimensão, aquela que assiste o outro, o não
participante da comunidade de fé, a voz profética que clama contra
a iniquidade estrutural do mundo, que não apenas ameaça a
comunidade dos santos, mas também os que ainda não foram atingidos
pela mensagem da graça. E isto não é um peso, muito menos um modo
pelo qual alcançar a salvação, mas um produto, uma nova disposição
ao amar e ao suportar o outro, verdadeiramente o exercício da
solidariedade, como está escrito: Meus irmãos, não vos
maravilheis, se o mundo vos aborrece. Nós sabemos que passamos da
morte para a vida, porque amamos os irmãos; quem não ama a seu
irmão permanece na morte. Qualquer que aborrece a seu irmão é
homicida. E vós sabeis que nenhum homicida tem permanente nele a
vida eterna. Conhecemos o amor nisto: que ele deu a sua vida por nós,
e nós devemos dar a vida pelos irmãos.
Bibliografia
ÁLVARO, Daniel. Los conceptos de “comunidad” y “sociedad” de Ferdinand Tönnies. Papeles del Ceic, Buenos Aires, v. 1, n. 52, p.2-22, mar. 2010. Disponível em: <http://www.identidadcolectiva.es/pdf/52.pdf>. Acesso em: 19 ago. 2014.
LEWIS, C.s.. O Peso da Glória. São Paulo: Vida Nova, 1993.
Bibliografia
ÁLVARO, Daniel. Los conceptos de “comunidad” y “sociedad” de Ferdinand Tönnies. Papeles del Ceic, Buenos Aires, v. 1, n. 52, p.2-22, mar. 2010. Disponível em: <http://www.identidadcolectiva.es/pdf/52.pdf>. Acesso em: 19 ago. 2014.
LEWIS, C.s.. O Peso da Glória. São Paulo: Vida Nova, 1993.
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