terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Igreja do Nazareno: Identidade e Contemporaneidade





Paz e graça! Esse texto fez parte de uma das avaliações da disciplina Identidade Nazarena e resolvi postar aqui no blog com leves adaptações já que originalmente tratava-se de uma discussão e não de um artigo.

Como uma igreja do movimento de santidade, a Igreja do Nazareno necessita de uma santidade prática e um resgate de nossa identidade soteriológica, ou seja, o fortalecimento do arminianismo wesleyano. Nesse diálogo sobre identidade, devemos como instituição nos questionar se além de uma coerência no nosso conteúdo teológico, se também deve haver uma lógica litúrgica comum, uma forma que "emoldure" as Igrejas do Nazareno espalhadas pelo Brasil e mundo.

Nesta caminhada é dever de todo nazareno lembrar que a denominação nasce com um olhar voltado aos pobres,  a igreja deve ir não só na contramão do mundo no sentido espiritual, mas também no combate aos ditames do capitalismo como mortificador do espírito. A educação também é nossa bandeira e nisso a importância da EBD  e também sua crise institucional devem ocupar espaço prioritário nessa discussão sobre identidade.

Bem, o fato é que necessitamos de contextualização de nossas raízes para os desafios contemporâneos e a "limpeza" de elementos que não deveriam ter sido adotados. Para isso, o caminho é  olhar para trás, para toda a história da Igreja de Jesus e também para nosso legado como denominação e a partir de uma espécie de dialética temporal construir algo que espelha o antigo, não sendo portanto todo novo, mas não o reproduz e por isso o é comunicável as gerações presentes.

O primeiro passo de fato é o entendimento integral da perfeição cristã, a santidade não é abstenção do mal, mas a inundação do amor divino, não é apenas teoria, prática ou emoção e sim a interdependência destes três aspectos, pois assim era o Cristo, compadecido, doutor e agente de uma realidade escatológica de esperança, afinal era ele mesmo esta realidade encarnada.

Se nosso entendimento de perfeição cristã é sinônimo de amor divino em ação, apegar-nos a nossa raiz soteriológica nada mais é do que professar o amor de Deus também no anúncio da Salvação. Tudo provém de Deus, sua graça é que nos sustenta e nos move a amá-lo e isso não está restrito a uma porção de indivíduos considerados eleitos, a igreja está eleita para salvação em Cristo, e todos que respondem com fé a graça capacitadora deste amor estão no Cordeiro que tira o pecado do mundo e usufruem da predestinação que recai sobre a igreja ou seja, a predestinação para vida eterna.

Se amamos, nosso compromisso deve ser com aqueles que são carentes de amor, os desajustados do mundo, os pobres, órfãos, viúvas e vulneráveis, pois esta é a verdadeira religião. Salvação e compaixão andam juntas, Deus é Deus inteiro, comunitário, que abraçou o sofrimento não em espírito, mas em corpo. A preocupação não deve ser  com os misticismos extravagantes das unções poderosas, que de poderosas nada têm. Nosso compromisso é o mesmo que aquele do nosso nascedouro como Igreja e Igreja do Nazareno, uma vida em abundância que envolve o espírito e o corpo.


Mas, como combater os excessos das igrejas que mais parecem mercados da fé e que se prestam ao mísero papel de clube de entretenimento ou mortas espiritualmente executam deveres e ofícios religiosos tal qual um profissional em seu trabalho? Isso perpassa pela redescoberta do ensino dentro da igreja e em minha opinião a ferramenta mais útil ainda é a EBD, mas para que isso ocorra se deve olhar para fora, pois se as lições não dialogam com a realidade do mundo como podem formar cristãos eficazes? Cristo ensinou porque seu ensino era relevante e ainda o é, mas a igreja precisa deixar de se tratar como irreverente e irrelevante no diálogo e apontamento da saída para os desesperos do mundo. Santidade ao Senhor é nosso lema, santidade é amor em ação, que assim sejamos então.


Sobre liturgia, acho que andarmos no conteúdo de nossa identidade de maneira coerente, nossa forma será influenciada, assim cantaremos e pregaremos o que nunca deveríamos ter deixado de cantar e pregar, bem como oraremos como se deve orar, o que mesmo assim, ao meu ver, não inviabilizaria a adoção de uma fórmula litúrgica mais rígida, tal forma deveria em minha opinião ser construída também a partir da dialética temporal que citei, ou seja, olhar para o antigo, mas não repeti-lo, porém fincado em suas raízes comunicar aquilo que comunicavam para esta geração presente.


Enfim, como parte guiadora deste processo, nos meus pensamentos sobre nossa identidade dois documentos, além daqueles que nossa igreja adota, tem me ajudado muito, assim deixo o link de ambos logo abaixo.


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